sexta-feira, 13 de junho de 2008

Sabe Quem Perguntou Por Você?




Estava passando aquele trote para a padaria de novo que é mais ou menos assim "Alô, tem pão de ontem? Tem? Quem mandou fazer muito, otário?!". Quando me peguei pensando em como o mundo seria, no mínimo, mais chato se todas as pessoas se conhecessem.

Tantas coisas acontecem o tempo todos os dias, que ninguém pára pra pensar no fato de elas só acontecerem porque a maioria das pessoas que você na rua ou em qualquer outro lugar, menos na sua casa, ou na de algum amigo, são estranhos. Pra deixar mais claro, aqui vão alguns exemplos:

Muitas pessoas sabem dar valor ao fato de não conhecerem todos os habitantes do planeta, mas existem vários grupos diferentes que usufruem desse privilégio de modos muito distintos. Os pedreiros, para começar, se conhecessem todas as mulheres que passam em frente às construções, o nível de cantadas de segunda mão e assovios iria cair drasticamente, uma vez que as próprias garotas também os conheceriam de volta e também suas esposas.

Os gozadores que adoram fazer brincadeiras e pôr a culpa nos outros também teriam seus dias contados, eu mesmo estaria fodido no outro dia ao passar o trote para o padeiro, uma vez que se ele me reconhecesse através do telefone, iria ficar me dando um sermão que, pelo menos, eu não seria obrigado a ouvir, mas não ia mais poder ligar duas vezes para o mesmo lugar, logo não teriam mais endereços o suficiente e o interurbano, apesar de mais divertido, é muito caro.

Eu acho que teria pena apenas dos pervertidos, esses sim. Imagine a frustração que é você ligar para um serviço de atendimento sexual via telefone, o famoso "Telesexo", cujo slogan eu ainda prego que deveria ser "Telesexo. Provando que a orelha também é um órgão sexual.", e a mulher do outro lado da linha reconhecer você: "Edmílson! Você tem mulher e filhos, o que você está fazendo ligando pra cá?" ao que o Edmílson responderia: "Ei, aqui não é o Edmílson, Patrícia, é o Vladmir.". Conversas como essa seriam repetidas quase todos os dias aonde um estaria sempre culpando o outro e ninguém chegaria a lugar nenhum, logo as prostitutas telefônicas estariam sem emprego também. E isso nos números heteros, os gays teriam descido a um novo nível de baixaria nunca antes visto.

Pais de família não teriam mais onde se esconder ou até mesmo quando um namorado quer agarrar outra garota em uma boate, seria como entrar na Casa Branca, dar um tapa na cara do Bush e levar a carteira dele e deixar uma foto sua de recordação. No mínimo existiram quinhentas e quarenta e doze testemunhas oculares, o que seria até uma vantagem, talvez a criminalidade diminuísse, mas quem se importa com isso quando não se pode fazer nada errado em paz? Pelo menos quando você liga para o Telesexo você pode dizer "Ei, pelo menos eu não matei ninguém". Que tipo de desculpas esfarrapadas existiram num mundo isento de crimes? Por essas e outras eu sou grato e sei tirar vantagem de não conhecer todas as pessoas do mundo, portanto faça a sua parte e xingue alguém que você não conheça na rua, você pode até entrar no mesmo elevador que essa pessoa no dia seguinte e nenhum dos dois vai lembrar de nada, agora esse é o mundo que eu agradeço por viver.

Sociedades Anônimas estariam com os seus dias contados e todos os alcoólatras frequentadores do AA seriam motivo da chacota e fofoca nas vizinhanças. Fofoca, inclusive, seria uma das empresas mais bem-sucedidas desse mundo e o Big Brother não ia passar da primeira edição. Ao mesmo tempo em que todos se conhecessem, nem sempre pode-se estar a par da vida de todo mundo, mas as revistas de fofoca estariam lá, falando de todas as pessoas, tendo histórias escabrosas para contar sobre a vida de qualquer pobre cidadão da cidade que faça algo de diferente, mesmo que seja apenas sexo com caranguejos. Pois afinal de contas, num mundo onde todos se conhecem, todos seriam celebridades, não? Mas os pobres continuariam pobres, pois nem roubar eles poderiam. É, o planeta seria um lugar cheio de ironia, talvez seria interessante viver assim por um dia. Mas só um, pois eu ainda tenho que mandar umas pizzas pra umas pessoas que eu não gosto.

5 comentários:

Tayná. disse...

já pensou a gente sendo amigo da marge?

Saada disse...

hahaha.
adorei muito esse texto.
fora que "hello,stranger" nem pensar,né?muito sem graça esse mundo.não quero nem um dia disso.

L disse...

Odeio pedreiros,mas que merda,será que eles n se tocam que as mulheres odeiam as cantadinhas dele de quinta não?!
HAHAHA,fiquei pensando agora naqueles sites de encontro onde aquelas solteironas desesperadas marcam encontros escondidos,se todo mundo se conhecesse elas tavam f****!!
Na verdade em Belém basicamente todo mundo se conhece,se vc não é amigo da pessoa,vc já viu ela na rua ou ela é amiga do seu amigo,portanto xingar elas n rua n seria uma boa alternativa.

Mas que bom que eu não conheço todo mundo,existe gente idiota que nem vale a pena conhecer,porque não iram acrescentar em nada na minha vida e tb eu sou anti social n ia ter saco de falar com mil pessoas na rua!

Tayná. disse...

e eu confesso que eu sempre leio os teus posts e fico pensando que seria bem mais fácil pra ti, conseguir uma coluna em alguma revista interessante, do que pra mim. e que eu adoro isso de escreveres sobre essas coisas que a gente pensa-e-finge-que-não-pensa pra não dar uma de doido. eu gosto do despir da pele, gosto sim.

ana disse...

eu gosto de vestir a pele, com pão de amanhã.
a van guarda e leva o passageiro.