segunda-feira, 7 de julho de 2008

Unindo o Útil ao Agradável.




Quando eu era criança, minha irmã pegava meus bonecos dos Power Rangers e os usava como namorados da Barbie, mas ela tinha o boneco do Ken! Eu acho que ela só não achava muita graça em ter um namorado com cara de panacão como o Ken que não tem nem órgão sexual, enquanto o meu Jason podia trocar de cabeças e salvar o mundo dentro do Megazord.

Pensando nisso, eu comecei a reparar que, realmente, certas coisas são usadas pra outras utilidades além daquelas que elas foram originalmente criadas para executar. Em muitos filmes, pode-se ver pessoas usando cartões de crédito para destrancar portas e afins, eu não sei se isso é realmente verdade, ainda não tive chance de tentar, mas a verdade é que eu já vi pelo menos duas vezes uns caras tirando sujeira da unha com eles na fila do supermercado, mas isso nem é realmente o maior dos problemas, já que em tirar sujeira das unhas, a tampa de caneta Bic não só ganha, como também é usada por porteiros pra tirar cera dos ouvidos.

Não muito longe da área das tampas de Bic, o elástico amarelo também é um objeto muito versátil. Além de servir pra segurar várias folhas de papel, é uma arma poderosa e muito irritante, se manuseada com sabedoria. As técnicas variam de pessoa para pessoa, algumas usam formas diferentes de posicioná-los nos dedos, outros os usam como estilingue, adicionando outro objeto para ser atirado ao invés do próprio elástico, tampas de Bic, às vezes. Mas o ponto é que saber manusear um elástico amarelo é uma das maiores consagrações de um ser humano durante sua estadia no planeta, de que adianta tirar um dez em matemática? Você provavelmente vai levar uns doze tiros no rosto com precisão cirúrgica de alunos não tão bem sucedidos. É algo que acima de tudo, ensina humildade e purifica a alma, dos outros, obviamente

Assim como alguns objetos são usados para outras finalidades e se tornam mais úteis, outros parecem assumir intenções demoníacas e nos prejudicam de certa forma que você nunca poderia imaginar que poderia acontecer, não com aquele utensílio, pelo menos. Quem nunca se cortou com papel e ficou com raiva? Caralho, papel não foi feito para machucar as pessoas. Foi feito para muitas coisas, mas não para machucar, ele simplesmente não tem esse direito. Como eu posso ficar tranquilo depois de fazer cocô sabendo que eu posso me machucar no final do procedimento? Eu só uso uma marca de papel higiênico, pois é a única em que eu confio. Deve ser por isso que a juventude brasileira anda tão desinteressada em leitura. Toda vez que eu me corto com papel, eu rasgo ele, só pra que sirva de lição para os outros. Como naquela vez que eu bati em um bebê com uma vassoura, mas ele estava realmente sendo um imbecil comigo.

Pior do que objetos que machucam, são objetos que dão impressão errada pelo nome. Quando eu era pequeno, eu nunca entendia porquê todos os carros tinham um macaco e muito menos como ele poderia ajudar na hora de trocar um pneu. No máximo eu achava que o Donkey Kong ia pular do porta-malas e levantar o carro pro meu pai e mesmo assim não me parecia muito esperto e até um pouco de maldade com o pobre do animal. Além do macaco, também tem as porcas, aquelas roscas que se põe nos parafusos, por que o nome daquela merda tem que ser porca? As porcas são feitas de ferro? Elas servem para apertar as coisas? Ou será que se nós as molharmos elas vão enferrujar? Eu com certeza nunca entrei numa loja de utensílios e vi rosquinhas de parafuso na lama, então eu não entendo até hoje o propósito desse nome. E agora que eu parei pra pensar, geralmente são nomes de animais. Alguém se importa em me explicar qual a relação entre ferramentas e animais? Qual era o problema dessas pessoas? Eles inventavam as coisas e olhavam para a primeira coisa que eles viam pra dar o nome? O cara inventa uma ferramenta que ajuda a suspender os carros na hora de trocar um pneu, então vê um macaco numa revista jogada pela mesa e pensa: "Eu seria um idiota se não fizesse isso.", e uma eternidade de idiotice é criada bem ali. E se ele tivesse visto a esposa dele nua numa bacia coberta de óleo diesel? Nunca mais iriam poder falar de carros na mesa do jantar.

Em nome do progresso, eu gostaria que no futuro, todos pudessem levar mais em consideração todos os procedimentos que envolvem a criação de um objeto, fazer o possível para não dar nomes constrangedores, por mais que seja engraçado ver à venda uma escova de dentes chamada "Esfíncter", é preciso resistir à esse tipo de tentação. E fazer o possível para que outras coisas, aparentemente benéficas, não possa nos prejudicar. Pelo menos eu iria gostar de saber que eu posso acordar de manhã e não ter medo de ser decaptado pelo meu novo abajur. E acima de tudo, construir objetos o mais úteis possíveis, como motosserras que também possam ser a sua boneca inflável. Até que o mundo inteiro vire um imenso canivete suíço.

4 comentários:

Camilla. disse...

Eu também roubava os power rangers do meu irmão - mas eu tinha a amarela - , mas só de manhã, antes dele chegar da escola. Máfia.
Ah, e os legos. *-*
E eu nem sabia fazer porra nenhuma.
E o ken era ridículo. Minha barbie tinha mais pênis que ele. Mentira.

Camilla. disse...

Eu ia ler tudo mas fiquei com preguiça. Enfim. (F)

ana disse...

eu tenho um brinco de cabeça de barbie. eu que fiz. : )
e, essa coisa de dar nome aos bois assusta as crianças mesmo. quando eu era criança acreditava que tomar uma atitude era como tomar suco. haha, líquido. se os kens tivessem pênis as meninas abririam a caixa pra conferir antes de comprar, garanto...

Saada disse...

eu amei esse texto.
então,eu usava os bonecos de pelucia como maridos das barbies,o que é muito bizarro se eu for pensar agora porque eu fazia minhas barbies praticarem zoofilia inconscientemente(ou nem tanto),sem falar no tamanho de algum deles,que com um pênis seria devastador pra qualquer barbie.